Destroços são vistos pelas ruas de Taquarituba dois meses após tornado.

22/11/2013 09:20
Fenômeno climático atingiu a cidade em 22 de setembro.
Segundo secretário municipal, falta mão de obra para a recuperação.
Já se passaram 60 dias desde que um tornado devastou parte de Taquarituba (334 km a sudoeste de SP), mas o clima na cidade ainda é de reconstrução. Pelas ruas é possível identificar a recuperação de casas e empresas, além da limpeza de patrimônios públicos.
A passagem do fenômeno climático, em 22 de setembro, deixou dois mortos, 64 feridos, centenas de casas danificadas e mais de 30 indústrias sem condições de operação. Oito famílias ficaram desalojadas por terem as casas totalmente destruídas. O tornado também danificou patrimônios públicos.
Em entrevista ao G1, o secretário de Obras do municípío, Laércio Pinto Gonçalves, explicou que nestes dois meses, três casas foram reconstruídas. As outras cinco devem ser concluídas até o começo de janeiro de 2014. “Nossa prioridade agora é reconstruir as casas dessas famílias e, depois, os patrimônios públicos. Estamos fazendo uma coisa bem feita por vez. A cidade está se levantando”, explica.
Ainda segundo o secretário, uma das maiores dificuldades encontradas para reconstruir a cidade é a falta de mão de obra qualificada. “Nós não temos pessoas em número suficiente para trabalhar na construção civil. Estamos trabalhando com nove pedreiros contratados pela prefeitura. Se tivéssemos mais pessoas, o trabalho seria mais rápido", diz.
Rodoviária de Taquarituba funciona sob tendas improvisadas.
A rodoviária da cidade, que desabou durante a passagem do tufão, ficou realojada em um terreno particular durante algumas semanas e voltou para o antigo espaço no começo de novembro. Mas o local ainda funciona de maneira improvisada, com tendas. “Nós colocamos tendas no local para que a população esteja confortável. Com isso, está sendo possível fazer com que os serviços funcionem normalmente”, afirma.
Há 30 dias, a equipe do G1 esteve na casa do servente de pedreiro Benedito Antero da Costa, um dos moradores que teve a residência completamente destruída pelo fenômeno climático. Um mês depois, o homem continua morando em uma casa alugada com os três filhos e o neto, mas comemora porque a antiga moradia já está praticamente reconstruída. “Estamos muito felizes. Há a esperança de começarmos o novo ano já em casa. Muito bom poder ver minha casa quase pronta”, conta.
Casa ficou destruída e deve ser concluída até o final de dezembro de 2013 (Foto: Jéssica Pimentel / G1)
Casa ficou destruída e deve ser concluída até o final
de dezembro de 2013 (Foto: Jéssica Pimentel / G1)
O  G1 voltou também ao Parque Industrial, uma das áreas mais devastadas pelo tornado. Mesmo dois meses depois do episódio, ainda é possível encontrar os destroços e vestígios do tornado.
O empresário André Pontes deu um jeito de lucrar com os destroços deixados pelo tornado. Dono de um ferro-velho em Itararé (SP), ele tem lucrado comprando estruturas metálicas de empresas atingidas pelo tufão.
Pontes conta que paga ao dono da empresa R$ 0,25 para cada quilo do material. Além de retirar o metal, ele também fica responsável por limpar os terrenos. “Combinei que vou comprar as sucatas e limparei os terrenos. Estou há dez dias trabalhando em um desses locais e acho que vou demorar pelo menos um mês para terminar tudo”, afirma.
Para o secretário Laércio Gonçalves, a expectativa é que o Parque Industrial esteja em pleno funcionamento até julho de 2014. A área foi a mais atingida pelo tornado. Os silos que armazenavam grãos foram totalmente danificados e continuam sem funcionar. “Os próprios trabalhadores estão reconstruindo as empresas. Esperamos que até o fim do primeiro semestre de 2014 os silos também estejam prontos para atenderem a demanda do começo da nova safra", conclui.
O tornado
De acordo com o meteorologista do Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet/UNESP), José Carlos Figueiredo, o tornado em setembro percorreu uma trilha de aproximadamente quatro quilômetros e ficou muito próximo da classificação do F3 da escala Fujita, que define a intensidade dos tornados em uma escala que varia de F0 até F5.
O tornado provocou transtornos para pelo menos 11 mil pessoas. Esse número corresponde a aproximadamente 50% da população do município, que tem 23 mil moradores. Os dados abrangem as famílias que tiveram as casas atingidas, além das famílias que sofreram falta de abastecimento de água, energia elétrica e serviços de telefonia devido ao rompimento de cabos e fios.
De acordo com a coordenadora da Assistência Social do município, Eliana Gomes, 830 famílias se inscreveram para receber algum tipo de doação, como: colchões, alimentos, roupas e etc. Pessoas de vários municípios da região ajudaram com donativos. “Nós conseguimos ajudar muitas pessoas e ainda sobraram várias roupas. Agora, estamos nos programando para saber o que fazer com o que sobrou das doações”, comenta.
Segundo a Somar Meteorologia, o temporal que atingiu a região foi resultado de uma frente fria que veio do Sul do país e trouxe nuvens carregadas à região.
Destroços continuam espalhados pelo Parque Industrial da cidade.